quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Ditadura da Magreza

   Vivemos num mundo de consumismo, onde os padrões de beleza, status e saúde se confundem, se invertem, se sobrepõem. Atualmente, a mulher não basta ser boa mãe, esposa dedicada, profissional competente,  bem sucedida. Ela tem que ser magra, malhada, sarada, bronzeada, sensual.
   Tenho recebido no consultório não só mulheres, mas homens também, em busca do corpo perfeito. Não, não estão buscando uma alimentação saudável, a diminuição do risco de doenças, a prevenção...estão buscando "o corpo ideal" - o ideal que criaram na sua imaginação, incentivados pela mídia, pelo marketing, pela indústria. Inclusive, este ideal pode sacrificar sua saúde.
   Já perceberam a propaganda da Coca-cola? São pessoas magras, bonitas, felizes, praticando atividades físicas. E a de cerveja? São mulheres lindas de rosto e corpo, alegres, acompanhadas de sujeitos bem humorados e igualmente bonitos. E de temperos? São famílias reunidas na mesa de jantar, com pais e filhos contentes e magros. Então, se bebermos coca-cola, cerveja e temperarmos a comida com "sazon" ou "meu feijão" seremos igualmente bonitos, magros e felizes? Sim, as pessoas têm a idéia mágica que podem continuar comendo tudo isso que com uma pílula, um polivitamínico, um fitoterápico ficarão magras e saradas.
   Oriento meus pacientes a melhorar a alimentação não para perder gorduras localizadas (que muitas vezes não somem com a alimentação, é necessário um atividade física, um tratamento estético com aparelhos), mas para ter qualidade de vida.  Ter um corpo "malhado" não é sinônimo de ter saúde. Ser magro (aqui falo de IMC dentro da normalidade ou baixo percentual de gordura corporal) não é sinônimo de saúde.
   Falamos hoje em dia no magro metabolicamente obeso - aquele que tem erros alimentares tão graves quanto o obeso, podendo ter colesterol alto, triglicerídeos altos e aumento do risco de doenças também. Sem falar nos que usam substâncias anabolizantes para ganho de massa muscular, ou remédios para emagrecer. Essa busca constante por um corpo inatingível leva ao adoecimento, tanto físico quanto mental.
   Temos que pensar que somos humanos, não nos resumimos apenas a um corpo, possuímos falhas, devemos aproveitar os momentos bons da vida sem nos sentirmos culpados ou criminalizarmos nosso corpo por fugir dos padrões considerados " perfeitos". Devemos buscar um ideal sim, mas o ideal de alimentação saudável para diminuição de doenças, para prevenir o envelhecimento sem qualidade de vida, o ideal para nossa mente, enfim,  o idealmente saudável!

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