A Agência Brasil divulgou esta semana uma pesquisa, realizada pela
Universidade de Harvard, sobre a interferência do ômega-3 na dieta e saúde dos
brasileiros. O estudo sugere que homens e mulheres acima de 65 anos e que
consomem peixes ou frutos do mar com ômega 3 têm chances de viver em
média 2,2 anos a mais. O consumo de produtos com esse tipo de ácido graxo
também pode contribuir para reduzir o risco de mortalidade (em 27%) e de
doenças cardíacas (em 35%).
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– O ômega-3 reduz o nível do colesterol, fortalece o sistema imunológico,
auxilia o aprendizado, a memória e a concentração, melhora o humor, previne
problemas do intestino e crises respiratórias. Até que ponto você concorda com
esta informação? É possível explicar o por quê de alguns desses benefícios?
Em primeiro lugar
devemos esclarecer que o termo ácidos graxos ômega-3 refere-se a vários ácidos
graxos desta família, sendo os ácidos linolênico, eicosapentaenoico (ou EPA) e
o docosahexaenoico (ou DHA) os representantes mais importantes. São ácidos
graxos poliinsaturados que não podem ser sintetizados no organismo humano, por
isso chamados de essenciais. Portanto, tem que ser ingeridos na alimentação.
Estas informações
estão corretas, e com embasamento científico de tais benefícios.
A existência de um
teor elevado do ácido DHA no cérebro e retina sugere que este exerce um papel
importante no sistema nervoso e visual.
Eles previnem
doenças cardíacas por alterar a composição lipídica da placa arterial(que causa
o “entupimento” da artéria e posterior infarto ou derrame),por reduzir a
formação de triglicerídeos pelo fígado e aumentar discretamenta o HDL (bom
colesterol).
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- Em qual quantidade ele deve ser consumido diariamente para surtir efeito na
saúde?
As informações
científicas atuais não possibilitam uma estimativa unânime de valores para
ingestão. Recomenda-se, de uma forma geral, que 10% da ingestão de energia deva
ser na forma de ácidos graxos poliinsaturados. A Sociedade Internacional para
Estudo dos ácidos graxos e lipídios estabelece 2,2g/d de ácido linolênico e de
0,65g/d de EPA e/ou DHA. Já o Conselho de Alimentação e Nutrição dos EUA
recomenda 1,6g/d para homens e 1,1g/d para mulheres de ácido linolênico.
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– O ômega-3 está associado ao sistema imunológico
do corpo, como alimento protetor. Podemos fazer uma associação da substância
com as doenças do sistema imunológico, como linfoma e leucemia?
O EPA e o DHA
possuem função anti-inflamatória, inibindo a produção corporal de fatores que
atuam na inflamação. Vários estudos estão sendo conduzidos com o uso do grupo
ômega 3 juntamente com drogas antineoplásicas no tratamento de neoplasias de
mama, intestino, melanoma, próstata e pulmão. Devemos aguardar o resultado destas
pesquisas, que parecem ser promissoras.
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– Quais são os peixes que estão no acesso do consumidor com mais concentração
de ômega-3?
Nem todas as espécies
de peixes tem a mesma composição em ácidos graxos.sendo, em geral, maiores os
percentuais em peixes marinhos que nos de água doce. Peixes de água fria
(salmão, sardinha, arenque) são mais ricos que os de regiões tropicais.
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– As pessoas relacionam a imagem do peixe com o ômega-3, mas existem outros
alimentos que contêm essa substância em taxas expressivas?
O peixe é o único alimento com teores elevados de
ácidos graxos ômega 3. A linhaça contém 30-40% de gordura, e destas, em torno
de 50% é ácido linolênico.O óleo ou
farelo de linhaça pode ser utilizado na formulação de ração animal com o
objetivo de aumentar a concentração de ômega 3 nas aves e ovos.
Em menores
quantidades temos os óleos de canola e soja que contém acido linolênico, mas os valores não se comparam ao encontrado nos peixes.
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– E o ômega-6? Existem prejuízos ao consumi-lo?
O termo ômega 6
também se refere a vários ácidos graxos, sendo os ácidos linoleico e
araquidônico os representantes mais importantes. A ingestão elevada de ácido
linoleico nas dietas ocidentais, proveniente da utilização de óleo de soja e
milho como fonte de gordura, causou elevação da produção de ácidos poliinsaturados
desta família nos nossos organismos, pois na composição destes óleos mais da
metade é ácido linoleico.
Alguns trabalhos
recentes associam o consumo elevado de ômega 6 ao desenvolvimento de neoplasia
de mama, mas os dados são conflitantes e mais pesquisas se tornam necessárias. Outros
trabalhos mostram que uma dieta rica em gordura saturada e ômega 6, e com baixo
consumo de ômega 3 predispõe a doenças cardíacas como Infarto e cerebrais, como
AVC.
Entrevista cedida para: Vanessa Botega
Imprensa - DNA Assessoria