segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Medicamentos: usar ou não usar?

      Vamos ao conceito de medicamento: " é o fármaco beneficiado de maneira industrial ou em manufatura em dose ou concentração terapêutica com finalidade de previnir, curar, tratar ou servir de diagnóstico para patologias."
   Todo medicamento tem uma indicação e finalidade, baseado em estudos que são realizados primeiramente em animais, após em humanos, e depois de alguns anos ele é liberado pela indústria farmacêutica, e os órgãos responsáveis pela sua ficalização, para ser comercializado. Nós, médicos, estudamos estas indicações de uso, os efeitos colaterais (reações adversas), as contra-indicações e o modo como ser usado (dose/dia). Todas as doenças crônicas já comentadas ao longo destes anos no blog tem um tratamento específico, baseado no conceito de medicamento, na tentativa de previnir, curar ou tratar.. Exemplos: Pressaõ Alta - diurético: trata a pressão alta e previne complicações como Infarto; Diabetes - insulina: trata a DM e previne complicações da doença como cegueira;
   Alguém que não tem pressão alta, se submeteria ao desconforto de utilizar um diurético? Alguém que não tem Diabetes se aplicaria injeções de insulina? Algum médico que prescrevesse estes medicamentos para quem não tem estas doenças não estaria comentendo um erro médico?
   Pois aqui entra a indicação dos medicamentos para emagrecer - pessoas que tenham um IMC > 30 com co-morbidades (pressão alta, diabetes, infarto) ou IMC > 35. Além disto, o paciente já deve estar em dieta e atividade física em acompanhamento de seu médico ou nutricionista sem a perda esperada (10% do seu peso em 6-12 meses). O medicamento não é a primeira opção de tratamento, mas sim uma "bengala" que ajuda a pessoa a voltar a caminhar sozinha quando as pernas não são suficientes...de nada adianta usar um medicamento se não mudarmos, em primeiro lugar, nossos pensamentos, hábitos e atitudes...assim que parar o efeito da droga, se volta a ganhar peso, no popular "efeito sanfona". 
   Atualmente no mercado temos 2 opções de medicamentos liberados pela ANVISA: a sibutramina e o orlistat, ambos com receita controlada B2, com suas indicações e contra-indicações. Importante salientar que o "remédio da moda", o Liraglutide (Victoza) , foi lançado para tratamento de Diabetes tipo 2, associada à mudança de estilo de vida, e não para tratamento de obesidade. Quanto ao  uso desse medicamento  em obesos não diabéticos, os estudos são ainda escassos, se restringem a poucos pacientes, além de serem de curta duração.  Estudos mais abrangentes encontram-se em curso, o que permitirá no futuro às agencias reguladoras e mesmo às Sociedade Médicas a possibilidade de avaliar de forma prudente e madura sobre a eventual indicação para o tratamento da obesidade. Ou seja, neste momento, não há indicação para tratamento de obesidade (IMC > 30), devemos ter cautela, pois mesmo após ser lançado, o medicamento pode apresentar danos não detectados nos estudos iniciais e ser retirado do mercado - como ocorreu como o Rimonabanto (Acomplia) há 2 anos atrás.
   Outro ponto importante é diferenciar o uso de cada medicação, individualizando o tratamento. Existem pacientes que não necessitam de remédio para emagrecer, mas sim tratamento da ansiedade, depressão, compulsão - devemos buscar estas causas e indicar a melhor terapia - psicoterapia com psicólogo, avaliação psiquiátrica, uso de antidepressivo ou ansiolítico.
   Antes de se perguntar "devo usar um remédio para emagrecer?" consulte com um profissional habilitado, especialista na área, para não tomar a decisão errada, sofrer com as reações adversas e, principalmente, a frustração de não ter conseguido atingir o objetivo esperado.
   Em primeiro lugar vem a sua saúde, física e mental, e em se tratando de emagrecimento, não existem milagres, existe força de vontade e determinação para mudar o estilo de vida.

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